Unir brincadeiras e jogos com o aprendizado despertam o interesse das crianças abrigadas no Lar Escola Cairbar Schutel (LECS) pelos estudos. A prática é realizada por voluntárias que oferecem sua disposição para ensinar e motivar os pequenos para educação. 

Recentemente, os veículos de comunicação divulgaram o corte feito pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) de um programa criado por seu antecessor, José Serra, que oferecia aulas de idiomas em escolas particulares para alunos da rede pública. O projeto chegou a atender 80,8 mil alunos que, desde o início do ano, estão sem as aulas.

Como justificativa, a Secretaria da Educação argumentou que os cursos em seus próprios centros de idiomas são mais baratos que os da rede privada e, por conta disso, eles serão ampliados para atender as demandas. No entanto, a mesma Secretaria não divulgou prazos de quando as aulas irão começar e nem como conseguirá aumentar o atendimento já que a infraestrutura para as aulas não são sustentáveis. Até lá, milhares de estudantes que desejam ter acesso ao conhecimento, à cultura e à educação ficarão na espera de novas oportunidades.

Um caso oposto a este pode ser verificado no Lar Escola Cairbar Schutel (LECS). A entidade criada há 48 anos desenvolve um trabalho social para proporcionar o crescimento saudável e a melhor capacitação possível para as 60 crianças abrigadas que se encontram em situação de alto risco social. Assim, os pequenos do Lar frequentam escola, cursos extracurriculares, que contam com o apoio de pessoas voluntárias que dedicam seu tempo ensinando as crianças, e cursos profissionalizantes que capacitam os jovens a entrarem no mercado de trabalho.

“A notícia do corte das aulas de inglês para os jovens da rede pública é uma situação lastimável, pois não apenas amputa uma oportunidade necessária para o mercado de trabalho como também podem desestimular os mesmos em relação ao aprendizado”, declara Maura Aguinaga Spielmann, voluntária do LECS que dá aulas de inglês para os pequenos. “Aqui no Lar, a proposta do curso extracurricular para as crianças vai além da educação, pois não somente busca ensinar, mas também eleva a autoestima dos abrigados”.

No LECS, unir o lúdico com os ensinamentos é o segredo das aulas da professora Maura. “Estimular as crianças ou os jovens é um grande desafio e mesclar o compromisso com jogos e outras brincadeiras na qual eles queiram participar é uma boa fórmula para despertar o interesse pelo estudo”, afirma.

Durante o curso, as crianças encenam, cantam músicas em inglês, fazem mímicas para descobrir palavras na linguagem estrangeira. A voluntária menciona que, para dar certo, o programa tem que ser participativo. “No início, as crianças são muito inibidas, inseguras, mas com o tempo elas se motivam ao ponto em que vão descobrindo a falar palavras em inglês”. Maura acredita que em um país como o Brasil é preciso muito investir na educação e nas nossas crianças de um modo que elas se sintam interessadas para fazer cursos extracurriculares como o de inglês e, ao mesmo tempo, adquiram uma capacitação que pode muito ser cobrada no futuro.

Para Jociene França Ruiz, gerente de uma das unidades do Lar Escola Cairbar Schutel, a mesma em que Maura leciona para os pequenos, a metodologia aplicada pela professora voluntária é singular. “É bem nítido o estímulo das crianças ao terem as aulas com a Maura”. Jociene diz que, além dos cursos de natação, judô, futebol, tear e inglês que o LECS oferece aos abrigados, a entidade incentiva também a leitura para os pequenos. “Desenvolvemos campanhas importantíssimas para que os nossos protegidos frequentem a biblioteca e tenham acesso fácil ao conhecimento”.

A gerente do Lar fala também sobre o rendimento das crianças na instituição quando elas desenvolvem atividades menos maçantes e mais participativas. “É incrível como a combinação dos ensinamentos com as atividades lúdicas prende a atenção das crianças e, consequentemente, as ajudam a entender melhor aquilo que estão estudando”. Para ela, “apesar de todo esse bloqueio que as crianças sofrem, em decorrência da situação de risco social que estão submetidas, as atividades extracurriculares mostram um grande avanço no rendimento dos pequenos. A prova disso está nas notas das crianças que estão cada vez mais altas”, diz Jociene cheia de satisfação.

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Lar Escola Cairbar Schutel  (www.cairbarschutel.org)

Fundada em 17 de janeiro de 1963, a instituição possui capacidade para atender gratuitamente 60 crianças – meninos e meninas, de 0 a 17 anos, em situação de risco social.

Desde sua fundação, a entidade já acompanhou a vida de 635 crianças. Dessas, 590 retornaram para o seu lar de origem, 16 foram adotadas internacionalmente e 29 foram adotadas no Brasil.

Seu objetivo é ser uma instituição beneficente reconhecida como centro de referência em administração do Terceiro Setor, oferecendo lar, educação, cuidados médicos, alimentação e ensinamentos morais para formar cidadãos conscientes de seus direitos e deveres.

Os pilares que baseiam a entidade são: cidadania, ética, integridade e honestidade para com toda a sociedade, união, fraternidade, humildade e fé raciocinada.

Visite:

Rua Francisco Preto, 213 – Vila Morse – São Paulo. Fone: (11) 3742-0516

Maio 2011 Jornalista responsável: Márcia Brandão (MTB 59.938)